quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A RUPTURA DO PARADIGMA

Ruptura significa rompimento, suspensão ou corte. Trata-se de uma cisão, de uma transformação na forma de compreender as coisas. A ruptura de um paradigma ocorre a partir da existência de um conjunto de problemas, cujas soluções já não se encontram no horizonte de determinado campo teórico, dando origem a anomalias ameaçadoras da construção científica. Um repensar sobre o assunto passa a ser requerido. Novos debates, novas idéias, articulações, buscas e reconstruções passam a acontecer a partir de novos fundamentos.

Neste capítulo, a autora compreende que o grande problema da Educação decorre do modelo da ciência que prevalece num certo momento histórico e que influenciam as questões epistemológicas e as teorias de aprendizagem das quais derivam a mediação pedagógica e suas práticas correspondentes. Sendo assim, ela acredita na existência de um diálogo entre o modelo da ciência, as teorias de aprendizagem e as atividades pedagógicas desenvolvidas, pois toda formulação teórica traz consigo um paradigma do qual decorre todo um sistema de valores que influencia não somente o processo de construção do conhecimento, mas também a maneira de ser, de fazer e de viver/ conviver.
Em meados do século XVII, surgiram Descartes e Newton, duas grandes figuras desse século. Descartes, filósofo e matemático francês, considerado o fundador da ciência moderna, pai do racionalismo moderno, desenvolveu o método analítico que propunha a decomposição do pensamento e dos problemas em partes componentes e sua disposição dentro de uma ordem lógica. Para ele, os efeitos dependem de suas causas. Foi este grande filósofo que reconheceu a superioridade da mente sobre a matéria e concluiu que as duas eram coisas separadas e fundamentalmente distintas, o que teve profundas repercussões no pensamento ocidental, com implicações nas mais diferentes áreas do conhecimento humano.

Entretanto foi Isaac Newton, outro grande gênio dessa época, quem complementou o pensamento de Descartes e concebeu o mundo como máquina perfeita, completando a formulação matemática da concepção mecanicista da natureza, na qual o universo passou a ser um grande sistema mecânico que funcionava de acordo com as leis físicas e matemáticas. Para ele, o mundo poderia ser descrito sem relacionar o observador humano. Esta visão de mundo-máquina deu origem ao mecanicismo como uma das grandes hipóteses universais da Era Moderna e caracterizou um período chamado pelos historiadores de Revolução Científica.
Os séculos XIX e XX foram marcados pela influência do pensamento newtoniano cartesiano que consistia na separação da mente e matéria e fragmentação do conhecimento em diversas partes para buscar maior eficácia. Tal forma de pensamento levou o homem a dividir o conhecimento em quantas partes conseguisse e foi adquirindo desta forma uma visão fragmentada da realidade que o cercava.
TRANSIÇÃO DE PARADIGMAS

Desde o final do século XX, vive-se uma transição paradigmática, buscando um novo paradigma que demanda uma revisão na visão de mundo, de sociedade e de homem. O contexto no qual a sociedade esta inserida consiste num universo menos previsível, mais complexo, dinâmico, criativo e pluralista, numa dança permanente, um mundo sujeito a variações e criatividade. A educação tem papel essencial neste processo paradigmático transformador, a mudança depende de uma nova visão. O ensino precisa ser compatível com a nova leitura de mundo advindo da visão sistêmica e complexa do universo.

A visão fragmentada ocasionada pelo paradigma newtoniano cartesiano levou a reprodução do conhecimento, e quanto mais o aluno chega ao nível superior de ensino mais ocorre esta fragmentação. Levou os alunos a sentarem em fileiras, a serem privados de questionar a escola, pois os mesmos não tinham direito de questionar, ou seja, os alunos ficavam impedidos de se expressarem. Estes fatores podem ser facilmente visualizados ainda nos dias atuais. Tais aspectos colocados permitem entender a crise da educação, com a necessidade de superar tal paradigma.

Ser educador nos dias atuais depende da opção paradigmática que pode possibilitar um ensino que contemple o aluno como um todo, que entenda a sociedade e as suas reais necessidades, que permita a formação de seres humanos críticos, produtores de conhecimento, trabalhando com uma educação que resgate os valores e que seja acima de tudo um ato de amor.

A educação tem papel essencial neste processo paradigmático transformador, a mudança depende de uma nova visão. O ensino precisa ser compatível com a nova leitura de mundo advindo da visão sistêmica e complexa do universo.

MORAES, Maria Cândida. A Ruptura do Paradgma. In: Paradigma educacional emergente. Campinas, SP: Papirus, 1997.

5 comentários:

  1. Pois é, o desafio dos professores atualmente, não só como de todo sistema educacional, é adaptar-se à nova realidade global, marcadas principalmente pelos avanços tecnológicos e pela concepção de uma nova sociedade.

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  2. Alex,
    Além desse desafio, existe o desafio de aceitar o "novo", de se adaptar, aprender a aprender novamente. Para que assim possamos aprender com os nossos alunos "pós-modernos".

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  3. Janaina
    A aversao de muitos torna o novo uma luta constante de construção, respeito e paciencia. A final nem tudo é para todos. Poucos estão abertos ao novo, ao desafio prazeroso de construção de uma educação melhor.

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  4. Maravilhosa a explicação sobre o aasunto.
    O que se pode entender, é que não só existe a linguagem verbal, e sim a linguagem visual.

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