segunda-feira, 8 de junho de 2009

O EMPIRISMO – PEDAGOGIA DIRETIVA

Curso de Pós-Graduação Argumento
Curso de Metodologia do Ensino de História e Cultura afro-índio-descendente
Por: Alex, Carla, Cleonice e Jusciele
O empirismo – Pedagogia diretiva
(Roteiro de Apresentação)

Origem do termo
O empirismo afirma que a razão, com seus princípios, seus procedimentos e suas idéias, é adquirida por nós através da experiência. Em grego, experiência se diz empeiria – donde, empirismo, conhecimento empírico, isto é, conhecimento adquirido por meio da experiência.

As Ideias básicas
O empirismo é uma teoria filosófica que defende o conhecimento da razão, da verdade e das idéias racionais através da experiência. É descrito-caracterizado pelo conhecimento científico, a sabedoria é adquirida por percepções; pela origem das idéias por onde se percebe as coisas, independente de seus objetivos e significados; pela relação de causa-efeito por onde fixamos na mente o que é percebido atribuindo à percepção causas e efeitos; pela autonomia do sujeito que afirma a variação da consciência de acordo com cada momento; pela concepção da razão que não vê diferença entre o espírito e extensão, como propõe o Racionalismo e ainda pela matemática como linguagem que afirma a inexistência de hipóteses.
Os defensores do empirismo afirmam que a razão, a verdade e as ideias racionais são adquiridas por nós através da experiência. Antes da experiência, dizem eles, nossa razão é como uma “folha em branco”, onde nada foi gravado. Somos como uma cera sem forma e sem nada impresso nela, até que a experiência venha descrever na folha, gravar na tabula, dar forma à cera.
As idéias, trazidas pela experiência, isto é, pela sensação, pela percepção e pelo hábito, são levadas à memória e, de lá, a razão as apanha para formar os pensamentos.
A experiência escreve e grava em nosso espírito as ideias e a razão irá associá-las, combiná-las ou separá-las, formando todos os nossos pensamentos.

Os principais representantes
No decorrer da história da Filosofia muitos filósofos defenderam a tese empirista, mas os mais famosos e conhecidos são os filósofos ingleses dos séculos XVI ao XVIII, chamados, por isso, de empiristas ingleses: Francis Bacon, Jonh Locke, George Berkeley e David Hume.
John Locke é considerado o principal figurante do empirismo. Com sua corrente, denominada Tábula Rasa, afirmou que as pessoas desconhecem tudo, mas que através de tentativas e erros aprendem e conquistam experiência. Sua corrente também originou o behaviorismo que busca o entendimento dos processos mentais internos do homem.
Outros filósofos estão associados ao empirismo como: Aristóteles, Tomás de Aquino, Francis Bacon, Thomas Hobbes, George Berkeley, David Hume e Hohn Stuart Mill. Destes, Francis Bacon e Thomas Hobbes conseguiram influenciar uma geração de filósofos do Reino Unido com o empirismo no século XVII.

Os problemas do empirismo
O empirismo se defronta com um problema insolúvel. Se as ciências são apenas hábitos psicológicos de associar e percepções e ideias por semelhança e diferença, bem como por contiguidade espacial ou sucessão temporal, então as ciências não possuem verdade alguma, não explicam realidade alguma, não alcançam os objetos e não possuem nenhuma objetividade.
Ora, o ideal racional da objetividade afirma que uma verdade é uma verdade porque corresponde à realidade das coisas e, portanto, não depende de nossos gostos, nossas opiniões, nossas preferências, nossos preconceitos, nossas fantasias, nossos costumes e hábitos. Em outras palavras, não é subjetiva, não depende de nossa vida pessoal e psicológica. Essa objetividade, porém, para o empirista, a ciência não pode oferecer nem garantir.

Modelo pedagógico: Pedagogia diretiva
As Ideias básicas

Esta concepção teórica parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelo meio e não pelo sujeito. A ideia é que o ser humano não nasce inteligente mas é passivamente submetido às forças do meio que provocam suas reações. O desenvolvimento intelectual pode ser totalmente modelado.
Para melhor compreendermos a influência do modelo empirista/ comportamentista sobre a educação, deve-se observar as três conclusões fundamentais de John Watson:
- o determinismo ambiental: o ambiente é fator primordial do desenvolvimento;
- o objetivo da ciência psicológica é o comportamento e é diretamente observável. A aprendizagem também é um comportamento e deve ser entendida como resposta a estímulos, mediante um processo de condicionamento;
- o caráter mensurável dos fenômenos comportamentais: tudo o que existe pode ser medido.

Como acontece o conhecimento nesta concepção
O conhecimento se origina e se evolui a partir das experiências que o indivíduo acumula. O conhecimento está no objeto a ser conhecido e se dá por transmissão. O conhecimento é de natureza extrema, se encontra fora do sujeito; a resposta do organismo ocorre através de um estímulo proveniente do meio. O conhecimento se dá somente pela percepção e é fruto da simples associação entre objetos.

Os principais teóricos
Os americanos John B. Watson e B. F. Skinner, representantes do behaviorismo, são os mais conhecidos adeptos do empirismo. Skinner é responsável pela Teoria do Reforço – todo comportamento se manifesta através de um estímulo recebido.

As Implicações pedagógicas
O sujeito tem um papel insignificante na elaboração e aquisição do conhecimento, compete a ele memorizar, sintetizar, resumir, dentro de um processo formal de educação. A escola tem a função de moldar o indivíduo, reforçando os comportamentos positivos; corrigindo, de modo que o aluno apresente comportamentos socialmente aceitos na sala de aula; o trabalho individual, a atenção, a concentração, o esforço e a disciplina funcionam como garantias para a aprendizagem.
O papel da escola e do ensino é super valorizado, o aluno nada sabe, precisa de alguém para transmitir as informações, e essas não precisam ter relação com a vida do aluno, nem com a realidade social – “conhecimento depositado no aluno” ou seja “educação bancária”.
Na escola não há lugar para troca de informações, questionamentos, comunicação entre os alunos; estes comportamentos são vistos como falta de respeito ao professor, bagunça e indisciplina.
O ensino é centrado no professor – ele é quem elabora os programas, tendo como referência o grau de complexidade das matérias e a sua responsabilidade de professor. Além disso, dá-se ênfase na utilização de métodos/ técnicas/ estratégias de ensino para atingir altos níveis de desempenho.
A avaliação é objetiva, isto é, a medida de resultados observáveis antes da aprendizagem (avaliação diagnóstica), durante a aprendizagem (avaliação formativa), ou após o período de ensino-aprendizagem (avaliação somativa). A figura ilustra uma sala de aula empirita.



O Papel do professor
A responsabilidade do professor pode variar a depender de se priorizar ou não as experiências espontâneas, do sujeito em relação à organização artificial das situações de ensino. A imagem abaixo simboliza como seria/é o professor empirista.


As Críticas à Pedagogia diretiva

a) Aluno passivo

De fundamentação positivista, a teoria manteve a descrição mecanicista de homem, ser considerado passivo e cujo comportamento é totalmente explicável segundo um modelo simplista de causa e efeito, que faz lembrar o modelo científico da Física do século XIX, hoje abandonado até mesmo por esta ciência.

b) O ensino como transmissão de conhecimento

Durante vários anos as técnicas educacionais se resumiram na utilização de técnicas aversivas – o papel do professor consistia em fazer com que os alunos aprendessem e o papel dos alunos consistia em escapar das ameaças, aprendendo. Paulo Freire, importante pensador brasileiro, defende a idéia de que a educação não pode ser um depósito de informações do professor sobre o aluno. Para ele, ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado; portanto, a docência não é possível sem a discência, pois as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.

c) A prática docente sem reflexão

Segundo Paulo Freire (1996), a reflexão crítica sobre a prática é um momento fundamental na formação permanente dos professores. Apesar da busca de superação de práticas docentes tradicionais através da pedagogia pós-crítica ou relacional, a partir da década de 1990, o conservadorismo ainda é verificado no ensino brasileiro, principalmente na educação pública. Pode-se observar que as ações pedagógicas dos educadores de escolas públicas ainda caracterizam-se pelo tradicionalismo. Peculiaridades como o apego ao livro didático, ausência de problematização do conteúdo trabalhado, predomínio de aulas expositivas, falta de interação entre educador e educandos, currículo construído sem levar em conta a realidade dos educandos constituem algumas peculiaridades presentes nas salas de aula de escolas públicas.

Sugestões

1) Para ver:

a) Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, EUA, 1997): dirigido por Peter Weir, o filme traz Robin Williams no papel do carismático professor de inglês John Keating, que chega para lecionar num rígido colégio para rapazes, com métodos de ensino pouco convencionais que transformam a rotina do currículo tradicional e arcaico. Com humor e sabedoria, Keating inspira seus alunos a seguirem seus próprios sonhos e a viverem suas vidas extraordinárias.

b) Escritores da liberdade (Freedom Writers, EUA, 2007): dirigido por Richard LaGravenese, o filme é baseado na história real de Erin (interpretada por Hilary Swank), uma professora novata interessada em lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de adolescentes resistentes ao ensino convencional; alguns estão ali cumprindo pena judicial, e todos são reféns das gangues avessas ao convívio pacífico com os diferentes. Como em outros filmes sobre turmas problemáticas, a professora Erin toma sua tarefa como um grande desafio: educar e civilizar aquela turma esquizofrênizada e estigmatizada como “os sem-futuro” pelos demais professores. Percebe que seu trabalho deve ir para além da sala de aula. Sendo assim, ela tenta inspirar seus alunos problemáticos a aprender algo mais sobre tolerância, valorizar a si mesmos, investir em seus sonhos e dar continuidade a seus estudos além da escola básica.

2) Para ouvir:

a) Estudo errado, de Gabriel o Pensador: Música que faz uma crítica bem humorada sobre o método “decoreba” de aprendizagem.

b) Another brick in the wall, do grupo Pink Floyd: Música que faz uma crítica radical ao método de ensino tradicional.

A PEDAGOGIA DIRETIVA NO ENSINO BRASILEIRO

No Brasil, durante o Período Republicano e sob a influência do positivismo, a reforma de Benjamim Constant no sistema de ensino é aprovada, gerando supressão do ensino religioso nas escolas públicas e o Estado passa a assumir a laicidade. A visão burguesa é disseminada pela escola, visando garantir a consolidação da burguesia industrial como classe dominante. Com a expansão cafeeira o modelo econômico passa de agrário-exportador para o modelo urbano-comercial- exportador.
A Pedagogia Diretiva ou Tradicional se articula no Brasil com os pareceres de Rui Barbosa e de Benjamim Constant. Nessa pedagogia a ênfase recai ao ensino humanista da cultura geral centrado no professor, a relação pedagógica é hierarquizada e verticalizada, “o método de ensino é calcado nos cinco passos formais de Herbart” (VEIGA, 2004). O Período conhecido como a Primeira República é marcado por um processo de descentralização do controle e de maior organização dos serviços, incluindo os educacionais.

Referências:

BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. In. Educação e construção do conhecimento. [s/l], [s/d]. pp. 15-32.
CHAUÍ, Marilena. A razão: inata ou adquirida? In: Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995. pp: 69-74.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
MOREIRA, Marco Antônio. Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos. 3 ed. [s/l]: Moraes, [s/d].
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1991.